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Seleção portuguesa de futebol, 2014 |
Por muito que o futebol já não seja um desporto, mas antes um
espetáculo televisivo e um negócio que movimenta biliões, onde a
corrupção campeia (nas arbitragens, nos offshores para fuga aos
impostos, no tráfico sobre os vários agentes), a verdade é que é
difícil ficar-lhe indiferente.
Principalmente porque
milhões de pessoas, países inteiros, vivem o futebol como se dele
dependesse este mundo e o outro. E porque é um jogo visualmente atrativo, mesmo com as manipulações notórias nas arbitragens e na trapaça do sorteio dos
grupos para este Mundial.
Mas falemos das seleções. Será
que representam efetivamente os países, como faz supor o fanatismo dos
adeptos e o fervor com que acompanham o hino como se daqueles 11 homens em calções ganhando "uma grana preta" dependesse o futuro da nação?
Mesmo que saibamos que não, a imagem do país, para o
bem e para o mal, é atingida, pelo menos para os biliões de seguidores do futebol no mundo.
É evidente que este tipo de eventos serve fins dentro do sistema.
As
opiniões públicas são manipuladas e arrastadas para o fanatismo do futebol e o esquecimento do resto.
As grandes marcas fazem campanhas gigantescas explorando ao
máximo o evento. Desde Nikes, Adidas, Coca-Colas, MacDonalds, marcas nacionais, até ao mais ínfimo bar ou restaurante, não há quem não use a "copa" para
se potencializar.
Este Mundial tem-se
caracterizado por aspectos já comuns aos anteriores e por outros mais específicos. Um destes é o paradoxo da forte contestação
popular à organização da Copa coexistindo com o fervor pela seleção, que no Brasil assume contornos de verdadeira
religião.
ANÁLISE DA PARTICIPAÇÃO PORTUGUESA
Esta
participação acaba por refletir o estado em que o País se encontra.
Embora não se possa fazer um paralelismo direto entre futebol e
sociedade, alguns aspectos são óbvios.
Num país que estava há pouco em 4º lugar no ranking das seleções (e perto disso no dos clubes), a
seleção é apenas um grupo desconexo de personalidades, clubismos e egos inflados de jogadores e dirigentes que põem interesses pessoais ou de grupos acima dum suposto
interesse nacional.
Viu-se no jogo contra os EUA.
Perante uma equipa americana de 2ª categoria no
futebol mundial, se Portugal jogasse com crença e foco no
coletivo teria goleado facilmente. Mas após marcar o 1º golo, o grupo recua e passa a defender o
resultado - ao contrário de seleções menores como o Gana que se batem sempre de
peito aberto, mesmo contra uma Alemanha - Paulo Bento pôs a equipa a jogar para um CR7 fora de forma e acabou por conseguir apenas o empat
e.
Alguns detalhes:
Paulo Bento
- Treinador sério mas longe de ser inovador, parece
subordinado aos "egos" da equipa, em particular CR7 e o núcleo duro
tradicional, não foi capaz da necessária renovação para formar um grupo que representasse o melhor futebol luso.
Cristiano Ronaldo
- Fora de forma após as lesões, ainda convencido de que tudo gira à sua volta, afirmou preto no branco "eu estou primeiro e a
seleção depois" - o que, mesmo estando a referir-se à sua integridade física, é
algo que não se diz em público e sobretudo daquela forma. Salvo no último
golo, CR7 não teve papel relevante no jogo e perdeu muitas
bolas divididas.
Nani - Outro jogador fora de
forma após longo tempo sem jogar, e outro ego inchado - falhou passes
clamorosos, é verdade que marcou mas também perdeu bolas decisivas.
Beto
- Voluntarioso, mostra a típica mentalidade FCP de que se pode passar por cima de tudo desde que "venha a nós". Por acaso não comprometeu, mas teve uma
saída em falso que só por milagre de Ricardo Costa (aliás, também ex-FCP) não foi golo.
Raúl Meireles
- Outro jogador da escola portista, que se tornou meio hippie após a
passagem por Inglaterra, ostenta um visual ridículo, próprio dum ego
inflado e desconexo, de quem perdeu objectivos. Jogar neste nível implica uma
atitude de combate que se exprime no geral, mas também no visual.
Pepe - Além da muito discutível
utilização de estrangeiros naturalizados desvirtuar o
carácter duma seleção, Pepe nem estava em forma e o seu currrículo conflituoso foi habilmente usado por quem quis
prejudicar a equipa, expulsando-o injustamente contra a Alemanha.
De
referir finalmente que o uso de jogadores medianos como Postiga,
João Pereira, André Almeida, Éder, Miguel Veloso, Bruno Alves, Hugo
Almeida, em detrimento dum William Carvalho, dum Rúben Amorim ou dum Quaresma, reflete o conformismo e a falta de visão que hoje
caracteriza algumas mentes portuguesax.
Mas reconheça-se que o
trabalho do selecionador é dificultado por os grandes clubes não priorizarem o que é nacional, bloqueando o despontar de novos bons jogadores para a seleção.
Assim,
é provável que Portugal saia sem glória deste
Mundial.
E nem se pode queixar muito da arbitragem, pois se no primeiro jogo o juíz foi ostensivamente pró-Alemanha, o
mesmo não ocorreu contra os EUA em que a culpa recai exclusivamente no grupo português.