quarta-feira, 4 de junho de 2014

Revisitando Pipa

Uma passagem por Pipa - Rio Grande do Norte -  em dois breves dias, alguns anos depois.

A paisagem continua idílica, esfusiante do verde tropical. O mar continua calmo, límpido e habitado presumivelmente por golfinhos que se avistam se houver sorte.

Mas o sítio, que cultiva vagamente aquela imagem hippie (um tanto deslocada nestes  tempos materialistas), parece meio abandonado.

"Época baixa" - justifica secamente a única e mal preparada empregada (nitidamente de ascendência potiguara, tribo original da região) do resort  belissimo, mas um tanto decadente.

A resposta não foi convincente.

Baía dos golfinhos, Pipa ao fundo,
disfarçada no meio da vegetação.
Plano grande: vista geral de Pipa, indo para Tibaú do Sul,
sede do município;
Planos menores: 1- Resort Costa Sol;
2 - T-shirts alusivas a Pipa;
3 - Letreiro típico em lojinha;
4 - Rua lateral de comércio, semideserta;
5 - À saída da escola pública
"Eu, encantada com Pipa? Nem pensar! Isso é para quem passa cá sómente uns dias" - declarava em contraste a lisboeta educada nos salesianos do Estoril e em Paris que "aterrou" ali para trabalhar no restaurante (às moscas) da mãe, trocado por outro no Algarve, demasiado movimentado para gerir sózinha após a morte do marido.

Neste, de Pipa, comia-se há uns anos atrás uma bela paella quando o dono era um espanhol que, pelos vistos, foi esperto e o empandeirou a tempo...

A lisboeta descobriu como num pesadelo que, num raio de quase 100 km até Natal, não há uma escola de qualidade, nem médicos especialistas para o filho diabético, nem outros serviços básicos ou acessibilidades rápidas em caso de urgência.

A verdade passa mais por esta versão, apesar da moça precisar ainda dumas lições de vida em latitudes não europeias.

Mas Pipa é de facto um caso típico de falta de aposta a sério do Estado e dessa crença, caracteristica do "Novo Mundo", de que basta deixar tudo ao sabor da natureza e da "inicativa privada".

Até chegar à BR (via rápida), que percorre o estado, são 30 km meio esburacados, mal sinalizados e às curvas. Estrada directa de Pipa para Natal (capital do RN) até existe. Mas já a fiz e... esqueçam.

Pipa - como muitas outras praias brasileiras - podia competir com paraísos tropicais como os Hawais, as Rep Dominicanas, os Balis ou as Seychelles. Bastava investimento a sério do Estado em parceria com grupos especializados do turismo.

Assim é que não me parece. Preços altos nos restaurantes, serviço fraco, gente local mais "folgada" que preparada. Por mim, que vinha fazendo a maior propaganda do idílico sítio, das suas caipirinhas, das dezenas de lojinhas e pousadas imaginativas, do ambiente relaxado e feliz, depois desta nova experiência, confesso que vou esquecer o local por uns bons tempos. Até que autoridades ou particulares façam uma mudança estrutural.

Não é nada de pessoal, garanto, até porque o meu propósito era relaxar do atual superstress português neste regresso ao Brasil, o que  foi plenamente atingido. Trata-se apenas dum olhar objetivo.

E afinal, há muitas outras Pipas por descobrir neste Brasilzão.


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