A paisagem continua idílica, esfusiante do verde tropical. O mar continua calmo, límpido e habitado presumivelmente por golfinhos que se avistam se houver sorte.
Mas o sítio, que cultiva vagamente aquela imagem hippie (um tanto deslocada nestes tempos materialistas), parece meio abandonado.
"Época baixa" - justifica secamente a única e mal preparada empregada (nitidamente de ascendência potiguara, tribo original da região) do resort belissimo, mas um tanto decadente.
A resposta não foi convincente.
Baía dos golfinhos, Pipa ao fundo, disfarçada no meio da vegetação. |
Neste, de Pipa, comia-se há uns anos atrás uma bela paella quando o dono era um espanhol que, pelos vistos, foi esperto e o empandeirou a tempo...
A lisboeta descobriu como num pesadelo que, num raio de quase 100 km até Natal, não há uma escola de qualidade, nem médicos especialistas para o filho diabético, nem outros serviços básicos ou acessibilidades rápidas em caso de urgência.
A verdade passa mais por esta versão, apesar da moça precisar ainda dumas lições de vida em latitudes não europeias.
Mas Pipa é de facto um caso típico de falta de aposta a sério do Estado e dessa crença, caracteristica do "Novo Mundo", de que basta deixar tudo ao sabor da natureza e da "inicativa privada".
Até chegar à BR (via rápida), que percorre o estado, são 30 km meio esburacados, mal sinalizados e às curvas. Estrada directa de Pipa para Natal (capital do RN) até existe. Mas já a fiz e... esqueçam.
Pipa - como muitas outras praias brasileiras - podia competir com paraísos tropicais como os Hawais, as Rep Dominicanas, os Balis ou as Seychelles. Bastava investimento a sério do Estado em parceria com grupos especializados do turismo.
Assim é que não me parece. Preços altos nos restaurantes, serviço fraco, gente local mais "folgada" que preparada. Por mim, que vinha fazendo a maior propaganda do idílico sítio, das suas caipirinhas, das dezenas de lojinhas e pousadas imaginativas, do ambiente relaxado e feliz, depois desta nova experiência, confesso que vou esquecer o local por uns bons tempos. Até que autoridades ou particulares façam uma mudança estrutural.
Não é nada de pessoal, garanto, até porque o meu propósito era relaxar do atual superstress português neste regresso ao Brasil, o que foi plenamente atingido. Trata-se apenas dum olhar objetivo.
E afinal, há muitas outras Pipas por descobrir neste Brasilzão.
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