quinta-feira, 27 de junho de 2013

Uma casa autosustentável

Ideias interessantes obtidas num site francês, cujo link deixo aqui.

A casa fica no Languedoc, perto de Aix-en-Provence, França.

Para acabar com as facturas da água, gás e eletricidade, esta "nova família rural" usa forno solar ou a lenha (alternadamente), aquecedor a lenha, água bombeada da fonte próxima, eletricidade produzida por 4 painéis fotovoltaicos (o suficiente para as necessidades básicas, se não se usar  máquina de lavar, forno e calorífero elétricos, aparelhos cujas resistências consomem muito). Para mover uma máquina de lavar, adaptou um sistema com pedais - ver imagem.

Talvez a maioria não possa adotar a totalidade das ideias, mas pelo menos algumas delas  são praticáveis.
Gás metano produzido a
partir dos resíduos orgânicos






Aquecedor a lenha com tijolos
refratários para uma boa difusão
Lavabo de água potável bombeada da fonte
Máquina de lavar  roupa adaptada
movida a pedais

Forno solar, alternativa simples
para cozeduras leves




segunda-feira, 24 de junho de 2013

à procura de sugar man

rostos bonitos de raparigas  sonhos claros no ar.  um menino velho  perfil negro   cambaleante    em contraluz no puro branco da neve. cidade de detroit:   prédios contra o sol-poente de inverno     coleção de tótens índios a arder  pessoas simples   borboletas limpas na paisagem   onde ninguém quer ser   quem não é.  o fantástico músico   desconhecido aqui   idolatrado lá     onde chora-a-terra-bem-amada de mandela.  o operário feliz  veste-se como príncipe   para limpar casas sujas   disse alguém:  o artista é um ser superior   faz de cada ato beleza quotidiana.   rostos limpos     pura emoção    não escondida em palavras   nem em nada:   só o orgulho de se ser quem é   tão pouco nas mãos.  negro perfil de menino velho cambaleando pela neve.   a cidade anoitece em  contraluz





Em exibição no cinema King, Lisboa. Realizador: Malik Benjelloul; co-produção sueco -americana, 2012.

Um conselho: vá uma hora antes, tome um café e um doce ou um salgadinho no bar, enquanto numa poltrona lê um livro da editora Chiado que expõe no local centenas de títulos, muitos deles novos, e realiza frequentes sessões de autor - pode ter a sorte de apanhar alguma.
Mas nada de entrar na sala do filme com comida ou telemóveis ligados... Quem assiste é cinéfilo à moda antiga e gosta de assistir à obra sem ruídos. As salas são tradicionais, mesmo só para ver filmes - comer e beber é no bar...

NOTA (18-05-2014): Quando, regressado a Portugal, há uns meses atrás tentei ir ao cinema King, deparei-me com o espetáculo desolador dum espaço fechado à espera aparentemente de quem o compre ou alugue. Sinais do tempo, numa Lisboa onde têm fechado várias salas de cinema e livrarias de cultura. 

Nem faço comentários, a não ser que está em curso um movimento contra a venda do cinema Londres a uma loja chinesa - fica perto do King, e era um bom espaço, sim, mas passava quase só filmes do circuito comercial -  e ninguém se mobilizou contra o fecho do King, que apenas passava filmes de qualidade do circuito alternativo. 
É a noção de cultura modernaça de certa gentinha.
:(


mais textos poéticos na pág. 2

mais cinema na pág. 8

sábado, 22 de junho de 2013

FANTÁSTICA LISBOA

(Notas de um lisboeta adotivo que assume uma atitude não apenas elogiosa mas, por gostar muito da cidade, uma atitude também crítica, fruto de tanto percorrer as suas ruas e ruelas)

Vídeo (clique na imagem em cima) que dá uma ideia diferente desta que é uma das mais cosmopolitas cidades do mundo (*).  Com, por exemplo, um mosaico de gastronomias que vão desde a Ásia - Nepal, Tibete, Índia (Goa...), China e Japão (mesmo...!), Tailândia - até ao Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, México, Cuba, Chile, Argentina, passando pela Alemanha, Itália, Espanha (diferentes regiões), Rússia, Turquia, Israel, França, Inglaterra, Irlanda, eu sei lá... e, claro, todas as regiões nacionais bem representadas, em humildes tascas ou restaurantes chiques, guardando tesouros culinários das suas terras de origem.

Mas este é um vídeo em busca da vida animal na natureza. Bem intencionado, é no entanto permeado de  alguns equívocos. Podia ter visitado um dos vários e seletos jardins botânicos (ver links abaixo) e as suas espécies exóticas, bem no coração de Lisboa, ou os golfinhos do Tejo, que regressaram após a despoluição que beneficiou o rio, ou o maior oceanário da Europa, ou fazer uma viagem rápida no comboio suburbano até ao fabuloso e único parque natural de Sintra, aproveitando para comer um "travesseiro" com chocolate quente na bela vila romântica tão elogiada pelo poeta inglês Byron.
Palácio de Monserrate - Sintra
Mosteiro dos Jerónimos e jardins de Belém junto ao rio Tejo

Duas notas quanto ao vídeo mencionado acima:

1 - PARQUE FLORESTAL DE MONSANTOÉ de facto um grande parque florestal, sim, mas divorciado de Lisboa. Melhor existir, do que não? Sem dúvida. Podia estar mais bem tratado? Concerteza. Começando por proibir torres-antenas das operadoras de telemóveis junto a zonas de lazer e de desporto e ainda, melhorando:
- as zonas de fruição já existentes, com estímulos aos privados para mais serviços, e às associações culturais para novas atividades (v.g. teatro ao ar livre)
- os acessos aos circuitos de caminhada, corrida e enduro;
- as instalações para râguebi e outras modalidades alternativas (o G.D. de Direito, campeão nacional, treina ali, sabiam?) 

2 - ESPAÇOS VERDESParabéns Câmara Municipal por concretizar o sonho do arquiteto Ribeiro Teles de abrir o corredor verde ligando o coração da cidade (Marquês) ao seu pulmão  (Monsanto), passando perto desse outro ex-libris que é a Gulbenkian. Trata-se duma trilha pedonal e ciclovia que - em sonhos pelo menos -  marcará o início da devolução do verde roubado à cidade.
Porque essa é a realidade:  apesar do muito arvoredo pelas ruas e dos seus belos jardins pequenos e médios, apesar da omnipresença do Tejo, do mar, de Monsanto,  Lisboa é desprovida daqueles gigantescos  espaços verdes integrados na cidade, onde se chega de metro diretamente, como o Regents park (Londres), o Central park (Nova Iorque), ou as Tulleries (Paris).

E é pena. Lisboa tem quase tudo o que essas grandes cidades têm e ainda... algo mais: a humildade e o humanismo tão próprios dos portugueses.

(*) Aliás, sobre esse lado cosmopolita e humano, há tanta coisa:

- CINEMA ALTERNATIVO. Um circuito de cinema não-comercial - Medeia Filmes, 7 salas nos shoppings Monumental  e Fonte Nova, além do City (cine+bar), do Nimas  - e, improvavelmente para um shopping de luxo, a  UCI do El Corte Inglés, onde há  sempre um bom filme entre muitos à escolha em salas supercómodas;

- RESTAURANTES VEGETARIANOS, dos quais recomendo, como sérios e baratos, o Yin-Yang e o Tao (na baixa), o Tibetanos (R. do Salitre), o Espiral (à Estefânia) e o Bem-me-Quer (na Almirante Reis);

- BARES, no Bairro Alto, na 24 de Julho, nas Docas ou no Parque das Nações, além de muitos outros espalhados pela cidade, com música de todo o tipo e ambiente para todos os gostos e níveis. Recomendo o Xafarix (em Santos), o Pavilhão Chinês (sobre o Bairro Alto, imperdível), o Havana Lounge (parque das Nações, salsa), En'Clave (Rua Sol ao Rato, caboverdiano), o Caldo Verde (Bairro Alto, fado vadio), Pintaí (largo Trindade) e Última Ceia (Av. Infante D. Henrique), os dois últimos de música e comida brasileiras.

- CIRCUITO DOS JARDINS, A não perder: Parque das Conchas (Lumiar), Jardim Botânico da Univ. Lisboa (R. da Escola Politécnica), Príncipe Real (perto do anterior, mas com um bom restaurante...), Estufa Fria (zona protegida dentro do parque Eduardo VII), Jardim da Estrela (Estrela), parque do Monteiro-Mor (anexo aos museus do Trajo e do Teatro, Lumiar), o Jardim Botânico Tropical (Belém), o Jardim Botânico da Ajuda (Inst. Sup. de Agronomia - Ajuda),  jardins de Belém (frente à fábrica dos pastéis do mesmo nome), e o extenso Parque Tejo (Parque das Nações - zona oriental).

- JOGGING NA BEIRA TEJO. O melhor para praticar jogging, mais despoluído e central, é mesmo a zona em torno da Central Tejo / museu da Eletricidade, perto do monumento das Descobertas e da Torre de Belém (na foto, em cima), apesar de, infelizmente, a Câmara de Lisboa ter "plantado" por ali uma ciclovia que quase ninguém usa - nem sempre o que parece ecológico e prático o é (aquela zona possuía anteriormente um longo estacionamento ribeirinho). Lisboa é uma cidade  atlântica e europeia, fria na maior parte do ano. Junto ao rio, está-se bem é no quentinho do carro, em boa companhia, olhando o sol-poente, ou o reflexo das luzes no rio, à noite. Pena que o António Costa, presidente da CML, nunca experimentasse essas sensações e prefira umas idiotices pseudo-modernas, retirando aos lisboetas a última zona de estacionamento da cidade que lhes permitia fruir gratuitamente o seu rio.

Velhos hábitos autocráticos de séculos, governos que se serviram da população da capital sem a servirem nunca, mentalidades que vai levar tempo até serem atiradas borda fora.