terça-feira, 5 de novembro de 2013

Nadejda (Pussy Riot) raptada por uma Rússia sinistra

A jovem Nadejda, de 23 anos, do grupo punk Pussy Riot, cujo último paradeiro era um prisão na Mordóvia, a 600 km de Moscovo, foi transferida em segredo para um campo de trabalho na Sibéria oriental a 4.400 km da capital russa, facto ocultado por vários dias. O objectivo óbvio é mantê-la inacessível à família, amigos e media informativos.

Nadia fora presa juntamente com uma colega do grupo sob a acusação de "profanação de igreja" e "perturbação da ordem", apenas porque fizeram um vídeo musical na catedral de Moscovo criticando Putin e procurando pôr a nu o apoio que a igreja ortodoxa dá ao regime russo.
Foto tirada em Moscovo, na audiência do tribunal que ordenou a prisão

A família e amigos faziam consecutivos protestos à porta da prisão na Mordóvia. A jovem suspendera também há pouco tempo uma greve da fome porque as guardas lhe retiraram a água à força, pondo assim em risco imediato a sua vida.

Em várias cartas, Nadejda indignara-se contra as condições prisionais, que classificava de animalescas e comparava ao sinistro GULAG do anterior regime.


Várias vezes citei nos meus blogues aspectos positivos da política internacional da Rússia, enquanto potência independente do único grande império global - os EUA.

Não podemos porém ignorar que a Rússia se mantém marcada pelo arcaísmo das relações sociais, quando são máfias que controlam hoje grande parte da economia, da política e da informação.

Não deixa de ser revelador que a Rússia fosse apontada há poucas décadas como o país do "socialismo avançado" e "farol da humanidade", mesmo após os crimes brutais de Estaline, a invasão da Hungria e Checoslováquia, etc. País em que muitos acreditaram por quase um século e ainda hoje persistem nesse logro histórico.

É verdade que o poder soviético foi subvertido e tomado por dentro, com um empurrão do capitalismo ocidental na fase final.

Mas é sociológica e políticamente grosseiro não perceber que só uma sociedade já doente se deixaria dominar por forças tão selváticas, mergulhando-a hoje num verdadeiro abismo social. Aliás, vários dos líderes mafiosos provêm diretamente de estruturas centrais do regime estalinista, como o KGB.

O caso destas jovens - independentemente do aproveitamento feito pelos media mercenários ao serviço do império do dólar - é apenas um a somar a vários outros, como a invasão da Tchechénia, da Geórgia ou  a recente prisão dos ativistas da Green Peace.

Não se põe em causa o direito da Rússia exercer a sua soberania. O que se questiona em todos esses casos é a incapacidade de resolvê-los civilizadamente, com mais tolerância e diálogo - único caminho próprio duma democracia.





Sem comentários:

Enviar um comentário