segunda-feira, 24 de junho de 2013

à procura de sugar man

rostos bonitos de raparigas  sonhos claros no ar.  um menino velho  perfil negro   cambaleante    em contraluz no puro branco da neve. cidade de detroit:   prédios contra o sol-poente de inverno     coleção de tótens índios a arder  pessoas simples   borboletas limpas na paisagem   onde ninguém quer ser   quem não é.  o fantástico músico   desconhecido aqui   idolatrado lá     onde chora-a-terra-bem-amada de mandela.  o operário feliz  veste-se como príncipe   para limpar casas sujas   disse alguém:  o artista é um ser superior   faz de cada ato beleza quotidiana.   rostos limpos     pura emoção    não escondida em palavras   nem em nada:   só o orgulho de se ser quem é   tão pouco nas mãos.  negro perfil de menino velho cambaleando pela neve.   a cidade anoitece em  contraluz





Em exibição no cinema King, Lisboa. Realizador: Malik Benjelloul; co-produção sueco -americana, 2012.

Um conselho: vá uma hora antes, tome um café e um doce ou um salgadinho no bar, enquanto numa poltrona lê um livro da editora Chiado que expõe no local centenas de títulos, muitos deles novos, e realiza frequentes sessões de autor - pode ter a sorte de apanhar alguma.
Mas nada de entrar na sala do filme com comida ou telemóveis ligados... Quem assiste é cinéfilo à moda antiga e gosta de assistir à obra sem ruídos. As salas são tradicionais, mesmo só para ver filmes - comer e beber é no bar...

NOTA (18-05-2014): Quando, regressado a Portugal, há uns meses atrás tentei ir ao cinema King, deparei-me com o espetáculo desolador dum espaço fechado à espera aparentemente de quem o compre ou alugue. Sinais do tempo, numa Lisboa onde têm fechado várias salas de cinema e livrarias de cultura. 

Nem faço comentários, a não ser que está em curso um movimento contra a venda do cinema Londres a uma loja chinesa - fica perto do King, e era um bom espaço, sim, mas passava quase só filmes do circuito comercial -  e ninguém se mobilizou contra o fecho do King, que apenas passava filmes de qualidade do circuito alternativo. 
É a noção de cultura modernaça de certa gentinha.
:(


mais textos poéticos na pág. 2

mais cinema na pág. 8

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